quinta-feira, 26 de abril de 2012

Senado aprova remédios em supermercado.

Medida provisória autoriza apenas a comercialização de medicamentos que não necessitam de prescrição médica.

Projeto precisa ser sancionado por Dilma; senador Humberto Costa (PT-PE) diz que a presidente deve vetar

O Senado aprovou ontem uma medida provisória que libera a venda de medicamentos em supermercados, armazéns e empórios -desde que não estejam sujeitos a prescrição médica.

O texto prevê que os estabelecimentos comerciais devem observar "relação a ser elaborada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)" posteriormente para a venda dos medicamentos, mas não traz nenhuma regulamentação.

O projeto que transforma a medida provisória em lei será encaminhada à sanção da presidente Dilma Roussef.

Mas até senadores aliados do governo criticaram a MP. Ex-ministro da Saúde, o senador Humberto Costa (PT-PE) pediu que a presidente não sancione o artigo e disse ainda que a tendência de Dilma é de vetar o projeto.

"Se esse artigo não for vetado pela presidente garantirá que estabelecimentos comerciais poderão dispensar e comercializar medicamentos, o que se trata de um verdadeiro absurdo. O líder do governo e o relator da MP podem assumir a pressão para que haja o veto a este artigo."

INCLUSÃO
A autorização foi incluída em um texto originalmente encaminhado pelo governo ao Congresso que previa a desoneração das contribuições sociais sobre produtos destinados a portadores de deficiência e do IPI nas operações de compra de veículos automotivos para os portadores de deficiência.

Além dos medicamentos, a MP traz outros dez assuntos que não têm ligação com o seu objeto principal. Irritada com o excesso de "contrabandos", a oposição reagiu.
Como os oposicionistas não são contrários à isenção fiscal de produtos para deficientes físicos, acusam o governo de ter se aproveitado de um tema consensual para incluir outros assuntos.

OUTROS PAÍSES
Nos EUA, remédios que não precisam de prescrição como analgésicos, antitérmicos, antialérgicos e laxantes, podem ser encontrados em supermercados e até em lojas de conveniência.
No Reino Unido, esses medicamentos também podem ser vendidos em mercados.


Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO – SP
Ligado à ingestão de carne, câncer de intestino avança

O consumo excessivo de carne vermelha é apontado como fator de risco para vários tumores, mas no caso do câncer de intestino grosso, que já é um dos mais frequentes entre os paulistanos, essa relação se torna mais evidente. É o que mostra uma revisão de seis estudos científicos que será apresentada em junho no congresso da Sociedade Americana de Câncer, nos EUA, sob o comando de Alexandra Paola Zandonai, especialista em enfermagem oncológica pela Universidade de São Paulo (USP).

Em seu trabalho, a profissional observou que a ingestão diária de carne bovina ou suína, independentemente do tamanho da porção, aumentou em até 35% o risco de desenvolver câncer de intestino grosso, ou colorretal, porcentual que sobe para 49% no caso dos embutidos – entre eles salame, salsicha e até peito de peru. Uma solução apontada por ela para amenizar o problema é substituir a carne vermelha pela branca. “Os peixes, principalmente, são ricos em ácidos graxos, benéficos ao corpo.”
Os resultados do trabalho podem ajudar a esclarecer os principais fatores ligados a esse tipo de câncer, pouco explorado em campanhas públicas e cada vez mais comum em locais desenvolvidos. “É a segunda neoplasia com maior incidência no Sudeste e a terceira no País”, frisa o oncologista Samuel Aguiar Júnior, diretor do Núcleo de Tumores Colorretais do Hospital A. C. Camargo.

Entre as paulistanas, esse tipo de tumor só não é mais frequente que o de mama. Nos homens da capital a doença também aparece em segundo lugar, depois do câncer de próstata. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) exclui dessa lista os tumores de pele do tipo melanoma. Os dados do órgão apontam ainda que a incidência do tumor no Estado mudou na última década. Entre os homens paulistas, a taxa de casos novos esperados por 100 mil habitantes passou de 10,5, em 2000, para 26 neste ano. Para as mulheres, nesses mesmos anos, a estimativa de novos diagnósticos foi de 15,4 para 25,6. Além disso, a taxa de mortalidade por neoplasias colorretais também tem crescido.

Mesmo comum, o tumor colorretal ainda tem causas obscuras, segundo Aguiar Júnior. “A associação do risco com a carne vermelha parece ser a mais concreta”, avalia. Mas todos os especialistas ouvidos concordam em um ponto: é impossível, hoje, mensurar a quantidade de carne vermelha que pode ser consumida sem riscos à saúde. A única certeza é a de que ela não deve estar nas refeições diariamente. Por outro lado, o consumo regular de carne gordurosa foi relatado por 35% dos paulistanos entrevistados em uma pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde no início deste mês.

Até agora, a hipótese mais usada para explicar a interferência da carne vermelha especificamente no câncer colorretal seria a liberação de substâncias químicas durante a digestão do alimento. Esses compostos poderiam alterar a combinação genética da mucosa que reveste o intestino grosso, diz o oncologista Guilherme Stelko, especialista em tumores do trato gastrointestinal do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e do Hospital Santa Paula. “A mucosa é uma proteção e está em constante renovação. Ela pode acumular erros de mutação provocados pelas substâncias presentes na carne.”

Sem campanha pública, prevenção é ignorada
Assintomático nos estágios iniciais, o câncer colorretal é diagnosticado pela colonoscopia, um exame visual da mucosa do cólon feito por meio de um tubo flexível introduzido pelo ânus, após a sedação do paciente. O problema é que, no Brasil, o pedido de colonoscopia depende exclusivamente da iniciativa do médico, pois não há campanhas públicas específicas sobre o assunto.

“Apesar de as diretrizes sobre o rastreamento serem bem estabelecidas, não há uma disseminação dessa informação no meio leigo nem no meio médico”, critica o médico Samuel Aguiar Júnior, do Hospital A.C. Camargo. O especialista observa que a recomendação de exames preventivos de colonoscopia deveria ser tão bem difundida quanto as indicações para mamografia e Papanicolau, por exemplo.

Questionado, o Ministério da Saúde informou que considera válida a recomendação do Instituto Nacional do Câncer (Inca), que indica a realização do exame de sangue oculto nas fezes anualmente após os 50 anos. Só depois, em caso de resultado positivo, seria feita a colonoscopia. Alguns médicos, contudo, defendem que todas as pessoas, mesmo sem sintomas suspeitos, passem pela colonoscopia após os 50 anos. Essa foi também a recomendação emitida neste ano pela Sociedade Americana de Câncer.
Depoimento: Edmar Silva Pereira, 47, foi diagnosticada por acaso
“Nunca tive nenhum problema intestinal, por isso jamais poderia imaginar que tivesse um câncer”, lembra Edmar, que teve de passar por uma cirurgia para retirar mais da metade do intestino grosso. Desde que foi liberada pelos médicos, passou a praticar atividades físicas. E a comer mais peixes, evitando o excesso de carne vermelha.

O diagnóstico precoce contribuiu para a boa evolução do quadro de Edmar, mas ela conta que a descoberta do problema ocorreu por acaso. “Eu me lembro de acordar durante a madrugada com uma dor abdominal muito forte. No hospital, os médicos desconfiaram de apendicite”, recorda.

Ela recebeu analgésicos e a recomendação de que fizesse alguns exames – só por precaução, pois já não sentia dores. Um deles era a colonoscopia, que indicaria o câncer. Hoje, Edmar percebe o quanto foi importante ter passado pelos exames mesmo quando os sintomas tinham desaparecido. Seguindo as diretrizes do câncer colorretal, só começaria a prevenção aos 50 anos.

“Algumas pessoas têm intestino preso ou solto e não dão importância a isso. Tomam um remédio, o que só vai maquiar o problema. Aconselho todo mundo a levar a sério qualquer alteração no organismo. Colaborou: Mariana Lenharo



Fonte: JORNAL DA TARDE – SP